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Pessoas que Moldaram Brasília: Os Criadores de Brasília que Vivem no Joy

  • Foto do escritor: Pedro Pereira
    Pedro Pereira
  • 26 de nov.
  • 6 min de leitura

Brasília é muitas coisas ao mesmo tempo. Ela é arquitetura, é paisagem, é memória, é sonho coletivo, é encontro. Mas, acima de tudo, Brasília é uma criação humana. Por trás de cada linha do Plano Piloto, de cada curva, de cada jardim, de cada cor e de cada símbolo que reconhecemos na cidade, existem pessoas que imaginaram, desenharam, construíram, cuidaram e continuam reinventando a nossa cidade, todos os dias.


Celebrar essas pessoas é uma forma de reconhecer que Brasília não surgiu pronta. Ela foi moldada por artistas, urbanistas, líderes políticos, educadores e visionários que trouxeram seus talentos e suas histórias para cá. São eles que transformaram concreto em poesia, espaços públicos em experiências e a capital em patrimônio cultural do Brasil e do mundo.


No Joy Hostel, escolhemos colocar alguns desses rostos nas paredes porque acreditamos que hospedagem também é encontro com o território. Queremos que cada hóspede perceba que Brasília não é apenas destino, mas narrativa e histórias vivas. Ao conhecer quem ajudou a construir sua identidade, entendemos a cidade com mais sensibilidade, pertencimento e encantamento.


Este post é um convite para olhar Brasília além dos cartões postais e descobrir as pessoas que fizeram e fazem dela um lugar único.


Athos Bulcão


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Athos Bulcão nasceu em 1918, no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, então capital federal. Ainda jovem, deixou o curso de Medicina para se dedicar à pintura, revelando desde cedo a sensibilidade e o olhar artístico que mais tarde ajudariam a definir a estética de Brasília. Em 1943, conheceu Oscar Niemeyer, com quem iniciaria uma parceria criativa duradoura. Seu primeiro convite profissional foi para desenvolver um painel de azulejos para o Teatro Municipal de Belo Horizonte. O projeto não chegou a ser executado, mas abriu caminho para futuras colaborações.


A história de Athos com Brasília começa oficialmente em 1957, quando, a convite de Niemeyer, foi requisitado do Ministério da Educação para integrar a Novacap, responsável pela construção da nova capital idealizada por Juscelino Kubitschek. Um ano depois, em 1958, transferiu-se para Brasília ao lado da equipe de arquitetos e passou a criar obras que dialogavam com os espaços públicos, a arquitetura moderna e a vida cotidiana. Seus azulejos da Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima e do Brasília Palace Hotel foram alguns dos primeiros sinais de sua presença na paisagem urbana que nascia no cerrado.


Com a inauguração da capital em 1960, Athos já estava profundamente integrado ao projeto de Brasília. Entre suas obras mais emblemáticas desse período estão o relevo externo do Teatro Nacional, e o painel de azulejos da Torre de TV, desenvolvido em parceria com Lucio Costa.


Ao longo de décadas, Athos espalhou arte por escolas, hospitais, praças, ministérios e edifícios residenciais. Ele acreditava que a arte deveria estar acessível a todos e, por isso, transformou Brasília em uma galeria pública. Suas composições geométricas, lúdicas e ritmadas não apenas decoram a cidade, elas influenciam a forma como caminhamos, percebemos a luz, ocupamos os espaços e nos relacionamos com a arquitetura.


Marianne Peretti


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Marianne Peretti foi uma artista franco brasileira cuja obra transformou a forma como Brasília enxerga a luz. Nascida na França, filha de mãe francesa e pai pernambucano, cresceu entre duas culturas. Embora visitasse o Brasil desde pequena, foi educada em Paris, onde estudou desenho e pintura. Ainda jovem, já chamava atenção por suas ilustrações, esculturas e pinturas, e em 1956 decidiu se mudar definitivamente para o Brasil, movimento que marcaria sua trajetória.


Em Brasília, Marianne encontrou o cenário ideal para sua linguagem artística. Ela foi a única mulher a integrar o núcleo principal de criadores envolvidos na construção da nova capital, colaborando diretamente com Oscar Niemeyer. A partir desse encontro, sua obra ganhou escala monumental e passou a ocupar espaços arquitetônicos com intensidade, espiritualidade e cor. Foi nesse período que Marianne desenvolveu uma assinatura própria nos vitrais, explorando a luz natural como matéria viva, quase escultórica.


Sua presença está registrada em alguns dos edifícios mais simbólicos da capital: Câmara dos Deputados, Senado Federal, Memorial JK, Teatro Nacional, Palácio do Jaburu, Superior Tribunal de Justiça, Panteão da Liberdade e, claro, a Catedral de Brasília, onde seus vitrais em tons de azul, verde e branco parecem elevar o céu para dentro do templo.


Marianne viveu 94 anos e faleceu em 2023, deixando um legado que atravessa fronteiras. Ela gostava de dizer que Brasília mudou sua vida, e essa afirmação se confirma em cada fachada, sala e nave iluminada por suas criações. Sua parceria com Niemeyer seguiu para além da capital, com trabalhos espalhados pelo Brasil e por outros países, consolidando seu reconhecimento como a grande vitralista brasileira.


No Joy Hostel, sua imagem ocupa as paredes como forma de celebrar não só seu talento, mas também a presença feminina na construção da capital.


Juscelino Kubitschek


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Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil entre 1956 e 1961, foi o grande responsável pela construção de Brasília. Visionário e otimista, JK acreditava no desenvolvimento nacional a partir do interior do país e transformou um sonho antigo em realidade. Seu governo mobilizou arquitetos, urbanistas, engenheiros, operários e artistas em uma das maiores obras já realizadas no Brasil. Mais do que erguer edifícios, JK ergueu uma nova ideia de futuro. Brasília sintetiza modernidade, coragem e esperança, valores que continuam vivos na cidade. No Joy, sua imagem relembra que a capital nasceu de gente que acreditou no impossível.


Sarah Kubitschek


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Sarah Kubitschek foi primeira dama, enfermeira, filantropa e uma das figuras mais respeitadas da história de Brasília. Ela fundou a Legião Brasileira de Assistência e dedicou sua vida ao atendimento social, especialmente a mulheres, crianças e famílias em situação de vulnerabilidade. Sarah acompanhou a construção da capital e lutou para que o projeto urbano viesse acompanhado de estrutura humana, solidária e acolhedora. Seu legado permanece em hospitais, instituições de assistência e programas sociais espalhados pelo país. No Joy, ela representa o cuidado, a gentileza e o espírito de acolhimento que fazem parte da nossa essência.


Dulcina de Moraes


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Dulcina de Moraes foi uma das maiores atrizes, diretoras e educadoras de teatro do Brasil. Pioneira das artes cênicas, trouxe para Brasília a Fundação Brasileira de Teatro, que ajudou a formar gerações de artistas, produtores e professores. Dulcina acreditava no papel transformador da cultura e viu na capital recém inaugurada um território fértil para criatividade e experimentação. Sua atuação ajudou a construir o cenário artístico brasiliense e fortalecer a identidade cultural da cidade. No Joy, ela simboliza a energia criativa que pulsa nos palcos, nas praças e em cada esquina de Brasília.


Lucio Costa


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Lucio Costa foi o urbanista responsável pelo Plano Piloto de Brasília, projeto vencedor do concurso nacional realizado em 1957. Inspirado pela simplicidade, pelo convívio humano e pela integração entre natureza e arquitetura, Lucio desenhou uma cidade que rompeu com modelos tradicionais. Brasília nasceu com amplos eixos, áreas verdes contínuas, monumentos distribuídos com intenção simbólica e espaços planejados para encontros e trocas. Seu traço é reconhecido no mundo inteiro como um dos mais importantes gestos urbanísticos da história. No Joy, ele representa a Brasília que inspira, organiza, respira e acolhe.


Roberto Burle Marx


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Roberto Burle Marx foi um dos maiores paisagistas do mundo e revolucionou a relação entre urbanismo, arte e natureza. Suas criações valorizavam plantas nativas do Cerrado, da Amazônia e da Mata Atlântica, muito antes de a questão ambiental se tornar central. Em Brasília, sua marca está presente em jardins, praças, prédios públicos e espaços culturais, incluindo o Itamaraty, o Eixo Monumental e o Palácio da Justiça. Burle Marx enxergava a cidade como um organismo vivo e criou paisagens que dão suavidade e poesia à monumentalidade arquitetônica da capital. No Joy, ele celebra o Cerrado, suas cores, texturas e biodiversidade.


Oscar Niemeyer


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Oscar Niemeyer foi o arquiteto responsável pela maior parte dos edifícios públicos de Brasília e um dos nomes mais admirados da arquitetura mundial. Poeta das curvas, Niemeyer acreditava que a arquitetura deveria emocionar, surpreender e dialogar com a vida. Entre suas obras mais conhecidas na capital estão o Congresso Nacional, o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal, a Catedral e o Museu Nacional. Brasília é, em grande parte, um monumento à sua imaginação. No Joy, Niemeyer simboliza o espírito criativo, livre e ousado que faz da cidade um lugar único no planeta.


Darlan Rosa


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Darlan Rosa é um dos artistas que mais ajudaram a construir a identidade cultural e visual de Brasília. Mineiro de Coromandel e morador da capital desde os anos 1960, ele transformou a cidade em seu grande ateliê. Suas esculturas metálicas, sempre marcantes, lúdicas e cheias de movimento, podem ser encontradas em locais como o Memorial JK, o Congresso Nacional, Palácio do Itamaraty e o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).


As famosas Sete Bolas instaladas no gramado do Memorial JK são um exemplo dessa presença marcante. Criadas em homenagem ao centenário de Juscelino Kubitschek, as esferas gigantes simbolizam os sete dias da criação do mundo e já se tornaram parte da paisagem afetiva da cidade.


Além das esculturas monumentais, Darlan também faz parte do imaginário nacional. Ele é o criador do personagem Zé Gotinha, ícone das campanhas de vacinação infantil que marcou gerações de brasileiros. Essa capacidade de unir arte, comunicação e serviço público acompanha toda a sua trajetória. Como artista multimídia, publicitário, professor, escritor e colaborador de iniciativas educativas, Darlan sempre entendeu a arte como ferramenta de cuidado, acesso e transformação social.


Com mais de 500 obras produzidas e dezenas de esculturas instaladas em nove países, Darlan Rosa projetou Brasília para o mundo e o mundo para Brasília. Sua obra carrega leveza, humor, afeto e uma leitura muito pessoal da capital, onde a simplicidade das formas encontra a grandeza dos espaços. No Joy, sua imagem celebra a criatividade brasiliense e a certeza de que a arte tem o poder de aproximar pessoas, provocar sorrisos e contar histórias.

 
 
 

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